domingo, 31 de dezembro de 2023

Questão - FUVEST 2024 - Mas quantas vezes

FUVEST 2024 - “Mas quantas vezes a insônia é um dom. De repente acordar no meio da noite e ter essa coisa rara: solidão. Quase nenhum ruído. Só o das ondas do mar batendo na praia. E tomo café com gosto, toda sozinha no mundo. Ninguém me interrompe o nada. É um nada a um tempo vazio e rico. E o telefone mudo, sem aquele toque súbito que sobressalta. Depois vai amanhecendo. As nuvens se clareando sob um sol às vezes pálido como uma lua, às vezes de fogo puro. Vou ao terraço e sou talvez a primeira do dia a ver a espuma branca do mar. O mar é meu, o sol é meu, a terra é minha. E sinto-me feliz por nada, por tudo. Até que, como o sol subindo, a casa vai acordando e há o reencontro com meus filhos sonolentos.” Clarice Lispector. “Insônia infeliz e feliz”. In: A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999. 

Considerando as características do trecho apresentado, pode-se afirmar que ele pertence a uma crônica, pois 
a) representa uma história paralela ligada a uma história principal. 
b) há apenas um conflito que se resolve em pouco tempo. 
c) possui estrutura simples e apresenta um cunho pedagógico. 
d) é uma narrativa breve que comenta um evento do cotidiano. 
e) compõe uma crítica indireta a alguém ou a algum fato.

RESPOSTA:
Letra D.

A crônica é um flagrante do cotidiano captado de forma inusitada em um texto curto, que pode apresentar linguagem coloquial. Nesse caso, a crônica é narrativa e relata uma noite de insônia, em que a cronista reflete sobre a solidão que sente ao acordar durante a madrugada, sem poder comunicar-se com alguém. Ao mesmo tempo, ela considera a insônia como um dom, pois proporciona “essa coisa rara” que é a solidão, um momento sem incômodos ou interrupções. 

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